10 Bíblia, a SEPTUAGINTA

série Bíblia 10  Foi feita para os judeus de língua grega

Em 332 aC, quando Alexandre, o Grande, entrou no Egito, depois de destruir a cidade fenícia de Tiro, ele foi acolhido como libertador. Fundou ali a cidade de Alexandria, um centro de erudição do mundo antigo. Com o objetivo de divulgar a cultura grega nos países conquistados, Alexandre introduziu o grego comum (coiné) em todo o seu vasto domínio.

No terceiro século AEC, Alexandria passou a ter uma grande população de judeus. Muitos deles, que depois do exílio babilônico haviam morado em colônias espalhadas fora da Palestina, migraram para Alexandria. Até que ponto esses judeus conheciam a língua hebraica? A Cyclopedia de McClintock e Strong declara: “É bem conhecido que, depois de os judeus terem voltado do cativeiro em Babilônia, tendo perdido em grande parte a familiaridade com o hebraico antigo, explicava-se-lhes na língua caldéia a leitura dos livros de Moisés nas sinagogas da Palestina . . . Os judeus de Alexandria provavelmente conheciam menos ainda o hebraico; sua língua familiar era o grego alexandrino.” Pelo visto, o ambiente de Alexandria favorecia a tradução das Escrituras Hebraicas para o grego.

Aristóbulo, judeu do segundo século AEC, escreveu que uma versão da lei hebraica foi traduzida para o grego e completada durante o reinado de Ptolomeu Filadelfo (285-246  aC). As opiniões variam quanto a que Aristóbulo queria dizer com “lei”. Alguns acham que ele se referia apenas ao Pentateuco, ao passo que outros dizem que se referia a todas as Escrituras Hebraicas.

De qualquer modo, segundo a tradição, cerca de 72 eruditos judeus estiveram envolvidos naquela primeira tradução escrita das Escrituras do hebraico para o grego. Mais tarde começou-se a usar o número redondo 70. Por isso, a versão foi chamada de Septuaginta, que significa “70”, e recebeu a designação LXX, que representa 70 em algarismos romanos. No fim do segundo século AEC, todos os livros das Escrituras Hebraicas podiam ser lidos em grego. De modo que o nome Septuaginta passou a referir-se às inteiras Escrituras Hebraicas traduzidas para o grego.

Útil no primeiro século

Septuaginta foi usada extensamente pelos judeus de língua grega antes e durante o tempo de Jesus Cristo e seus apóstolos. Muitos dos judeus e dos prosélitos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 EC eram do distrito da Ásia, do Egito, da Líbia, de Roma e de Creta — regiões em que se falava grego. Sem dúvida, eles costumavam ler a Septuaginta. (Atos 2:9-11) De modo que essa versão influiu ( foi fundamental)  na divulgação das boas novas no primeiro século.

Por exemplo, ao conversar com homens de Cirene, Alexandria, Cilícia e Ásia, o discípulo Estêvão disse: “José enviou e chamou a Jacó, seu pai, e todos os seus parentes daquele lugar [Canaã], no número de setenta e cinco almas.” (Atos 6:8-10;7:12-14) O texto hebraico de Gênesis, capítulo 46, diz que o número dos parentes de José era setenta. Mas a Septuaginta usa o número setenta e cinco. Pelo visto, Estêvão citou a Septuaginta. — Gênesis 46:20, 26, 27, nota, NM com Referências.

Ao viajar pela Ásia Menor e pela Grécia na segunda e na terceira viagem missionária, o apóstolo Paulo pregava a muitos gentios que temiam a Deus e a “gregos que adoravam a Deus”. (Atos 13:16, 26; 17:4) Essas pessoas haviam chegado a temer a Deus ou a adorá-lo por terem obtido conhecimento dele pela Septuaginta. Ao pregar a tais que falavam grego, Paulo muitas vezes citava ou parafraseava partes dessa tradução. — Gênesis 22:18, nota; Gálatas 3:8.

As Escrituras Gregas Cristãs contêm umas 320 citações diretas e o total conjunto de talvez 890 citações e referências das Escrituras Hebraicas. A maioria delas se baseia na Septuaginta. Em resultado disso, as citações tiradas desta tradução, e não dos manuscritos hebraicos, tornaram-se parte das inspiradas Escrituras Gregas Cristãs. Como isso é significativo! Jesus havia predito que as boas novas do Reino seriam pregadas em toda a terra habitada. (Mateus 24:14) Para realizar isso, Jeová permitiria que sua Palavra inspirada fosse traduzida para os diversos idiomas lidos por pessoas em todo o mundo.

extr  https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2002686

extr https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/qual-e-importancia-de-sao-jeronimo-para-igreja/

Jerônimo recebeu a incumbência de revisar uma antiga tradução dos quatro Evangelhos em latim. Jerônimo foi uma personalidade célebre de seu tempo. Sua capacidade intelectual é demonstrada pela vasta quantidade de textos escritos e traduzidos por ele. Com absoluta certeza seu trabalho mais conhecido é a Vulgata, ou seja, uma versão da Bíblia em latim. Histórias antigas, quando recontadas com frequência, terminam por receber novos elementos que, por vezes, acrescentam, abreviam ou modificam a história original. Por ser este o mês da Bíblia resolvemos abordar a questão da Vulgata, juntamente com todo o trabalho realizado por São Jerônimo ao traduzi-la.

Ordenado sacerdote em 379 d.C., São Jerônimo acompanhou o Bispo Paulino a um concílio regional em Roma. Nesse tempo foi apresentado ao Papa Dâmaso como um exegeta e profundo conhecedor das línguas bíblicas. Por causa da clareza de suas ideias e grande conhecimento, o Pontífice o escolheu para ser seu secretário e em 382 d.C., confiou-lhe a incumbência de revisar uma antiga tradução dos quatro Evangelhos em latim. Ele concluiu este trabalho antes da morte do Papa Dâmaso (11/12/384) e acrescentou também uma versão dos salmos, traduzida do texto grego, que ficou conhecida como Septuaginta.

Expulso de Roma em 385, São Jerônimo se deslocou para Belém na Terra Santa, onde teve contato com a versão hebraica do Antigo Testamento, especialmente com um livro que apresentava lado a lado, de forma comparativa, os diferentes textos do Antigo Testamento nas línguas disponíveis naquele tempo.

Tradução do Antigo Testamento

Este santo e doutor da Igreja se interessou pelo texto em hebraico e iniciou uma nova revisão, de cunho pessoal, em sua tradução dos salmos, por meio da qual comparava o texto hebraico e grego para depois escrevê-lo em latim. Esta versão dos salmos ficou conhecida como Galicana porque foi usada amplamente na Igreja da França (Galia em latim).

Com o sucesso dessa tradução ele começou a traduzir todo o Antigo Testamento, mas, a partir desse momento, não utilizava mais a versão grega e sim a hebraica. Este enorme trabalho prolongou-se por 15 anos, do ano 390 a 405, incluindo uma nova tradução dos salmos feita somente do texto hebraico. Esta tradução do Antigo Testamento foi chamada por São Jerônimo de iuxta hebraeos (que significa “próximo aos hebreus” em português), a qual, somada aos textos do Novo Testamento, traduzidos para o latim, chamou-se Vulgata, isto é, em língua vulgar ou comum.

A Vulgata era a única versão oficial da Bíblia usada na Igreja até o ano 1.530, quando, devido ao povo não mais falar latim, iniciou-se o processo de tradução para as línguas modernas.

Durante a tradução Jerônimo deparou com passagens difíceis de serem compreendidas, por isso, logo após a conclusão desse trabalho, dedicou-se a escrever prefácios e comentários para os livros da Sagrada Escritura, além de responder às polêmicas teológicas existentes em seu tempo devido ao uso de textos mal traduzidos ou interpretações equivocadas.

Vulgata
Esse grande homem de Deus da Igreja morreu no ano 419 e não chegou a ver a Vulgata ser publicada; este fato só aconteceu quando foram reunidos todos os textos e escritos que ele havia traduzido. Importante lembrar que a Vulgata não foi imposta à Igreja, esse processo foi acontecendo à medida que se reconhecia que o texto traduzido por Jerônimo era mais exato e claro do que outras traduções livres disponíveis na época.

Progressivamente a Vulgata foi recebendo pequenas correções, por isso hoje este nome pode designar diversas versões oficiais em latim. Aquela que chamamos hoje de Vulgata foi publicada em 1.592 pelo Papa Clemente VIII, por isso também é conhecida como Vulgata Clementina.